O incansável Perisic
- Darcio Ricca
- 12 de jul. de 2018
- 4 min de leitura

Os ingleses dominaram no primeiro tempo na mesma conta do chá que se acomodaram.
Os croatas reagiram com um gol de empate quando não faziam por merecer, mas tiraram o melhor proveito deste acaso, passando a pressionar a Inglaterra.
E o placar levou os croatas ao terceiro e extenuante – se analisarmos o futebol moderno de hoje – tempo extra.
Com extraordinário preparo físico, muito brio e dedicação, superaram os favoritos ingleses, que sucumbiram com o gol da vitória na prorrogação.
Segurar o resultado com valentia e muito jogo coletivo bem organizado diante de uma certa soberba inglesa.
Final inédita croata, como “azarão” no posto medido a quem chegou, mas vai brigar duro contra a favorita França na final de domingo.
Numa partida em que tudo se encaminhava para uma primeira final entre França e Inglaterra – uma final do Canal da Mancha – a Croácia, assim como os franceses, souberam vencer e ter sorte neste torneio tão único, peculiar e complexa que é Copa do Mundo, aquela não perdoa!
Croácia foi no seu 4-1-4-1 que, na verdade, é um 4-2-3-1 no apoio de Rakitic a Brozovic na marcação extremas como Perisic e Rebic que são os leões do fôlego no apoio e na cobertura.
Modric, um dos melhores do Mundial, é quem dita o ritmo de uma equipe bem compactada e defesa de boa qualidade.
Manduzkic se movimenta muito bem e é um aliado ofensivo de Perisic. Muito rápido e versátil o centroavante croata, autor do gol passaporte para a final!
Quando Modric oscilava de rendimento, a seleção croata seguia seu mesmo fluxo de execução, o que a fez sim oscilar no torneio e disputar tantos jogos além dos 90 minutos.
O moderno 3-1-4-2 inglês, com execução de 3-5-2, tem nos seus laterais Trippier (o melhor do Mundial) e o veterano Ashley Young sua força de amplitude do campo e cruzamentos muito bem executados que procuram o artilheiro altamente focado Harry Kane.
Taticamente, uma seleção muito bem organizada por Gareth Southgate, com Henderson ditando o ritmo e inversões de jogo, a velocidade e habilidade de Lingard e Delle Ali, mas com o companheiro ainda inseguro e de pouca rodagem Sterling, de Gabriel Jesus no Manchester City-ING. Sterling, o recordista em perder gols.
Pensar que, assim como Firmino pelo lado do Brasil, os ingleses pouco aproveitaram Rashford.
Contando a prorrogação, as 22 tentativas croatas resultaram em 35% de aproveitamento em lances de gol (7 lances!), ao passo que os ingleses tiveram apenas 2 chances em 11 tentativas, ou seja, 20% de aproveitamento inglês.
Croatas já estavam com maior posse de bola, mas esta subiu para 56 a 44% que, assim como as conclusões croatas em superioridade numérica, refletiu diretamente na queda emocional dos ingleses e no desespero que lançamentos na área croata, após empate do adversário.
Na prorrogação, o fato se consumou, mesmo antes da virada de placar vitorioso: croatas pareciam não correr risco do empate inglês que levassem aos penais. Segura e confiante, Croácia fez seu jogo objetivo e pragmático que desestabilizou a Inglaterra.
Os croatas, na reação intensa de buscar o empate, mesmo estando inferiores, fizeram na ser 50% mais faltosa em campo.
Na batalha de semifinal, o ótimo Trippier fez um golaço de falta em Subasic, aos 4 do 1T.
Um escanteio para cada lado, com os zagueiros Vida e Maguire cabeceando sem perigo.
Maguire, em outros escanteio, cabeceou pra fora!
Perisic arriscou de longe para os croatas e o espetacular goleiro Pickford estava no lance, mas foi para fora!
Kane, impedido, perdeu gol incrível mesmo assim, em passe do afobado finalizador Sterling.
Muitos cruzamentos na duas áreas e tentativas de arremate bem travados por dois ótimos sistemas defensivos.
Kane, de novo impedido, recebeu bom passe de Lingard na entrada da área que Kane chutou na trave de Subasic. Auxiliar apontou a bandeira novamente.
Delle Ali faz ótima jogada da esquerda e cruza para Lingard perder chance incrível de ampliar.
Um pouco de preciosismo do croata Rakitic no chapéu em Walker que, quando a bola aterrissou, nada aconteceu.
Segundo tempo com Inglaterra controlando o jogo e desejosa apenas de contragolpear.
Croácia melhorou na segunda etapa, igualando ingleses, mas com mais tentativas de gol, de procurar o empate ante uma Inglaterra que parecia segurar o placar em jogo tenso psicológica e emocionalmente.
Kane, sem ângulo assustou Subasic.
Daí, aos 22 do segundo tempo, croatas conseguiram o justo empate pelo equilíbrio entre as seleções. Lateral-direito Vrsaljko cruzou bem na área inglesa para o esperto e lutador Perisic deixar tudo igual com sua providencial perna esquerda.
Um insinuante – embora bem cansado – Perisic foi o diferencial da superioridade croata após o gol de empate. Grande chance de ter virado na etapa normal.
Vrsaljko brilhava mais que o lateral-direito sensação inglês Trippier. Cruzamentos que deram trabalho ao sistema defensivo inglês.
Sterling perdeu grande chance, novamente!
Perisic botando fogo na partida, para desespero da Inglaterra.
Prorrogação com tudo!
Com Danny Rose e Rashford, a Inglaterra iniciou o tempo extra pressionando a Croácia.
Lovren salvou cabeceio certeiro de Maguire no gol croata.
Quando a Inglaterra voltava a ser melhor, o incansável Perisic, com apoio de ótimo jogo de Modric, trazia equilíbrio à partida.
Perisic serviu Manduzkic, para saída e defesa espetacular de Pickford.
O incansável Perisic – o que não desiste nunca - aos 3 da prorrogação tocou de cabeça para área inglesa, desmontando a defesa adversária com um toque que encontrou Mandzukic para bater firme contra Pickford. Gol da final inédita croata!
Quase Brozovic de longe aos do fim, confundindo Pickford.
Kramaric foi fominha em contragolpe depois do abafa inglês em busca do empate.
Foi fominha, desperdiçando chance de servir quem? Ele, o incansável, que estava livre e tirando preparo físico não sabíamos mais de onde!
O roteiro do futebol mundial havia sofrido uma significativa mudança e ela veio da incansável Croácia e de seu símbolo maior nesta competição: Perisic.
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