Maria Rita Kehl e os arrependimentos
- Darcio Ricca
- 28 de fev. de 2019
- 3 min de leitura

O arrependimento talvez seja a palavra do momento por tratar-se da dificuldade no encontro consigo mesmo, seus medos, suas fraquezas, suas concepções, suas crenças...
As pessoas comuns, as celebridades, jogadorxs de futebol, servidores públicos, militares, religiosos, eleitores... e até Tite e sua seleção juntando os cacos de 2018, por que não?
Seguindo na linha de não haver “isentões”, vamos falar de convocação e arrependimentos. Afinal de contas, é de escolhas que falamos e vivemos sempre!
Com licença carinhosa e introdutória à inspiração em Maria Rita Kehl: psicanalista, jornalista, ensaísta, poetisa, cronista e crítica literária brasileira. Em 2010, venceu o Prêmio Jabuti de Literatura na categoria "Educação, Psicologia e Psicanálise" com o livro O Tempo e o Cão - A Atualidade das Depressões e recebeu o Prêmio Direitos Humanos do governo federal na categoria "Mídia e Direitos Humanos".
O arrependimento seria uma saída possível do ressentimento: aquele que se responsabiliza por uma escolha que redundou em fracasso ou sofrimento pode arrepender-se, sem precisar culpar ou acusar alguém pelo prejuízo. Mas o arrependimento também pode se transformar em lamento sem fim, em meio de gozo equivalente ao ressentimento. Também pode ser um modo de não aceitar as consequências de uma escolha, os erros e descaminhos percorridos ao longo de uma vida que nunca é perfeita.
O arrependimento, em suas formas extremas, também sinaliza um recusa narcisista da determinação inconsciente. Só quem se julga inteiramente senhor de todos os seus atos não se perdoa por uma má escolha.
Neste sentido, vale tomar o ensaio de Michael Montaigne sobre o arrependimento, em que esse pensador que levou os últimos anos da sua vida a examinar-se o mais honestamente possível afirma que não se arrepende de nada porque não se pretende infalível.
“Expliquemos aqui o que repito constantemente: só de raro em raro me arrependo, e minha consciência contenta-se com seu próprio testemunho, não o de uma consciência de anjo ou animal, mas uma consciência humana (...) não se trata aqui de simples palavrório e sim de um ato de humildade completa e absoluta.”
Tite estaria arrependido das escolhas de Pablo, Geromel, Paulinho, Walace e Renato Augusto, para não chamá-los para amistosos contra Panamá e República Tcheca, alegando a desculpa de lista não fechada?
E as ausências de Douglas Costa, Bruno Henrique, William e Marcelo como meia-armador, como se justificariam?
Tite não estaria arrependido de continuar a acreditar em Danilo, Everton (GRE), Gabriel Jesus, Daniel Alves?
E Neymar, muito “júnior”, entra na categoria arrependimento? Nele, a “muleta” da contusão é uma boa saída tal qual um certo partido que não está mais no poder serve como panacéia para desgovernos atuais por estas bandas.
Arthur ausente de 2018, não dá para dormir tranquilo!
Alisson seria uma superação após estar por baixo em 2018? Sua má fase anterior, convenhamos, não era fake news!
Em qualquer grupo de WhatsApp de boleiros – não comprados de mailings de marketing de guerrilha eleitorais – Casemiro (mesmo instável emocionalmente), Marquinhos, Miranda, Filipe Luís, Ederson, Allan, Coutinho (psicólogo nele, ops dentro do tema!) e Firmino estariam no grupo.
Muitos proporiam a inclusão de Paquetá, Vinícius Junior, Weverton, Fabinho, Alex Sandro e até Richarlison. Os que pesquisam um pouco mais Militão e Felipe Anderson.
Muitos maduros, equilibrados e cônscios de informação correta e checada – a despida de pensamento biliar individualmente indócil e bélico – poderiam ir mais além, propor uma revisão.
Revisão de concepções de mundo e de sociedade, complexa e estimulante!
Mas, “com mais amor por favor”, clareza nas escolhas, liberdade no arrependimento e a certeza da evolução do pensamento lógico e da inteligência emocional.
Porque no “lugar de fala de cada um”, diminuiremos os bodes expiatórios (não é Thiago Silva?) que alimentam as injustiças, fomentam o ódio tolo e atrasam um país inteiro, retrocedendo na história!
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