E eu assovio Sweet Virginia pela cidade
- Lu Castro
- 6 de jul. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 7 de jul. de 2018
A sexta-feira já é um dia especial por si só. É o último dia útil da semana. Aquele dia que geral quer meter fogo no escritório pra correr ao boteco mais próximo.
A sexta-feira, 6 de julho de 2018, tinha tudo para ser mais uma sexta especial. Jogo do Brasil na Copa e um feriado na segunda-feira logo adiante.
Tive compromisso na zona leste, entrega oficial de trabalho e tinha um bem traçado plano de retorno para a zona sul.
> Belenzinho > pega o metrô desce na Paulista > retira o livro do amigo Chico Bicudo na Livraria Cultura > pega a Linha Amarela sentido Butantã > Linha Esmeralda > casa.
Tudo seria lindo e perfeito nesse #mundãodemeudeus se não fosse o mundão de meu deus.
Mas...tem jogo da seleção na Copa e todo mundo quer voltar pra casa ao mesmo tempo agora pelo metrô, trem, busão, carro, a pé, motoca, bike, patinete, etc, etc...e eu só quero conseguir chegar em casa com um pouco de paz ativado no meu modo 'fone com som a milhão ~pra não escutar o entorno, óbvio~ e óculos escuros para evitar contato visual que me obrigue a socializar'.
Selecionei tudo de Stones pra tocar e enquanto caminho naquele mar de gente empolgada vestida de verde e amarelo, vem Sweet Virginia na seleção musical.

Baixa instantaneamente um espírito condescendente e pouso um olhar contemplativo sobre essa sandice chamada São Paulo. Troco os passos no ritmo da música com uma vontade danada de dançar, mas me controlo. Aliás, os últimos meses vivendo em Ubatuba tem auxiliado deveras na manutenção de uma certa preguiça, cansaço de embates e preservação da calma.
'O povo merece um alívio. Merece alguma coisa para comemorar e chamar de sua a despeito de toda a porcaria que contamina o país' - penso.
Caminho da Consolação até a Brigadeiro tentando encontrar um caminho melhor para chegar em casa em tempo de ver o jogo da seleção.
Sem mentiras por aqui, portanto manifesto meu sentimento com relação à seleção desde 2006: empolgação zero.
Não estou disposta a jorrar ácido no meu estômago por qualquer assunto que seja, afinal, nem tudo depende de mim neste planeta e minha paz é valiosa demais.
Desço do busão. Algumas reuniões com churrasco e cerveja estão formadas pela avenida principal. Pra variar, estou com fome mas dispenso a carne na brasa pra bater um feijão com arroz de mamãe...saudade!
No trajeto entre o bar e minha casa ~coisa de menos de 200 metros~ o Brasil já está perdendo. Gol contra do Fernandinho.
Na mente vem: eu falei que a Bélgica seria difícil, mas gol contra é demais. Não vi o lance, aliás, em toda esta Copa, poucos foram os jogos que parei pra ver, então sem essa de massacrar Tite ou quem quer que seja.
O resultado todo mundo sabe e não carece ficar martelando por aqui.
Sweet Virginia caiu quase como um bálsamo para a alma. Aquele que a gente utiliza pra minimizar a dor da existência, das derrotas e dos tombos, pensando que o tempo segue, implacável pros desavisados e enriquecedor pros sábios. E que o tempo até a próxima Copa passará rápido. Rápido o suficiente para nos fazer avançar ou paralisar.
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