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Dia de virar a página

  • Foto do escritor: Darcio Ricca
    Darcio Ricca
  • 27 de jun. de 2018
  • 2 min de leitura


Uma das atitudes mais bonitas de esportividade do futebol foi a elegância com que a seleção da Alemanha demonstrou em relação ao Brasil, naquele inesquecível 08/07/2014.


Mesmo derrotando os brasileiros com placar tão dilatado (era para ter sido 8 x 0, não fosse o gol perdido de Ozil aos 43), em nenhum momento ousaram nos tripudiar, muito pelo contrário: comemorou com sua torcida de forma esportiva e, claro, feliz!


Mas, este dia 27/06/2018, os alemães, ao que parece, por uma osmose ludopédica, tiveram um desempenho que me fez lembrar o Brasil daquela tarde no Mineirão, semifinal, 17 horas.


Nesta partida contra os sul-coreanos, os alemães, em seu 4-2-3-1 consolidado, tiveram algumas alterações e preocupações que até o querido Gerd Wenzel da ESPN – aquele que foi em 2014 o maior embaixador da elegância para com os brasileiros – também apontou.


Por expulsão de Boateng, o grandalhão Süle foi seu substituto e Hummels, ainda se recuperando de contusão, foi liberado e escalado para a partida.


Uma dupla apagada há muito tempo, e que foi destaque na campanha do tetra 2014, Khedira e Ozil, foi escalada para a peleja nos lugares de Rudy (havia ido bem contra Suécia até se sangrar) e Draxler, para liberar Ozil pelo meio (não tem a mesma velocidade de antes) e inserir Goretzka.


Além da dupla, um dos destaques de 2014, Muller, saiu para que Low fomentasse a estrutura com movimentação de Reus e Werner, sem o homem de referência na área sulcoreana.


E o talento de Julian Brandt foi desperdiçado, entrando somente aos 32 do 2T. Draxler, uma opção melhor fisicamente pelas pontas, nem sequer foi utilizado.


Linha de 6 sulcoreana de marcação forte e bem coordenada, muita força física e o já esperado contragolpe rápido – embora de apenas razoável técnica – porém perigoso e que foi subestimado por Low e Flick na concepção alemã para este jogo.


Afora a questão física bem inferior alemã, a pouca criatividade e imaginação das ofensivas de seu ataque e um certo (e raro!) nervosismo na segunda etapa, fizeram-na cair na armadilha asiática que já havia sido decantada antes.


Erros de passe que a prejudicaram no jogo de hoje, além de mal posicionamento quando da perda da bola e lenta recomposição defensiva.


Claro que o jogo de defesa, correria e intensidade no perde-ganha da Coréia do Sul foi importante para a conquista de sua vitória de despedida da Copa.


Mas, os alemães travavam o jogo por conta deste binômio físico-emocional que gerou uma sutil apatia sobre os olhares dos campeões do mundo.


O que dizer mais desta zebra, embora os riscos existiam e não foram suficientemente trabalhados nas escolhas da comissão técnica alemã.


O que é triste porque eles chegaram a preparar uma nova geração – envelhecimento natural da base de 2014 – e não utilizaram-na devidamente, ainda mais diante de um espelho do adversário que aparecia aos seus olhos, incluindo-se durante o decorrer da partida. Talvez, daí, a pseudo-apatia!


Porém, tiveram um dia de homenagem ao 08/07/2014, jogando com erros determinantes como o Brasil de Felipão e Parreira. Todo mundo tem um dia assim.


Mas, os alemães, com certeza, são fortes o suficiente para virarem esta página e renascerem da dor dos erros cometidos e do dia em que souberam também o valor da derrota!


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