Chico Bicudo, um boleiro apaixonado
- Luana Reis
- 10 de mai. de 2018
- 12 min de leitura
Atualizado: 13 de jun. de 2018

Era uma noite de quinta-feira amena em abril quando consegui, enfim, conversar com Francisco José Bicudo Pereira Filho, mais conhecido por Chico Bicudo. Que os horários do jornalista-escritor-professor-torcedor são um tanto apertados. Mas Chico reservou um horário entre a rotina corrida, em especial devido ao lançamento de seu novo livro, e topou falar sobre sua história – que perpassa a era do futebol-arte ao mais truncado, o mais “sofrível”, como define a fase da peleja nacional – e sua obra, na estreia do Acréscimos.
A prosa virtual com o autor do livro recém-lançado “Crônicas Boleiras – Segundo tempo” foi longa e perpassou boa parte dos subtemas que o debate futebolístico abrange, como a discussão quanto à qualidade do futebol brasileiro, em âmbito internacional, a nossa cobertura esportiva e o clubismo, além de sua paixão santista e as Copas que mais o marcaram, visto que a edição sediada na Rússia se aproxima.
Aos 46 anos, Chico Bicudo quase tem de se multiplicar em três – ou mais – para tocar sua rotina, que resume-se ao trato com uma enxurrada de informação, muito além da editoria esportiva. É que o pai de família paulistano leciona na UAM desde 2001 e, paralelamente, dá andamento a uma rotina mais puxada: a de torcedor e cronista, levando em conta o calendário esportivo.
Santista por influência do avô materno, Chico teve o primeiro contato com a peleja ainda criança, chutando uma bolinha de papel, uma tampinha de garrafa qualquer por entre os corredores de sua escola. Tudo começou com a brincadeira e, com o tempo, a coisa vingou, ficou “mais séria”. Hoje, entretanto, ele não passa a bola nas quatro linhas, mas conduz o leitor-boleiro, do “raiz” ao “nutella”, pelo meio campo, corre até a grande área e, então, chuta no ângulo, verbalmente, em suas crônicas.
As paixões que o guiaram
Ao falar sobre futebol e sobre a escrita, principalmente a de crônicas esportivas, Chico destrincha os dois tópicos com tamanho entusiasmo que dá para imaginar sua expressão, com o telefone celular na mão, enquanto grava as respostas. A animação, a afeição às temáticas dão vida à memória do trecho em que Paulo Vinicius Coelho, o PVC, descreve no livro “Jornalismo Esportivo”a característica, uma espécie de prévia de todo bom jornalista esportivo: todo comunicador deste nicho tem em si um garoto de 12 anos, segundo ele, apaixonado por esporte, sobretudo futebol, que pulsa pelo resto da vida. O garoto de que PVC fala é a paixão esportiva, que se não existir, deixa uma lacuna na prosa, na narrativa – independente do formato. Afinal, o discurso perde o fator-chave: a emoção.
E quando perguntado sobre a razão de escrever sobre o futebol, principalmente na conjuntura brasileira atual, o torcedor do Peixe retrocede o tempo à época que ainda era um garoto, quando o amor pela escrita se manifestou. Chico lia bastantes histórias infantis e, dentre os autores preferidos destacou Manuel Bandeira, Monteiro Lobato, Ziraldo e Ruth Rocha. No período, ele não só produzia os textos pedidos pela professora de redação, mas também um conteúdo extra, histórias infantis, que ele mesmo criava e pedia uma avaliação a fim de melhorar suas narrativas.
“Sempre fui um leitor muito faminto, desde bem pequeno. Meus pais e avós que contavam as histórias para mim. Eu lia por meio das vozes deles. Mas, aos cinco ou seis anos, quando consegui conquistar a autonomia da leitura, passei a montar a minha biblioteca, com livros de crianças, [com] histórias de princesas, de príncipes, as [histórias] clássicas... Isso veio num crescente e até hoje, claro, eu tenho uma paixão imensa pelos livros. Adoro visitar livrarias e bibliotecas.”
E em paralelo ao flerte com a escrita, o pequeno Francisco também alimentava a paixão pela bola, o jogo disputado entre as quatro linhas. “Costumo brincar que desde antes de nascer sempre fui, também, um aficionado, apaixonado... encantado por futebol. Sempre joguei, desde moleque, ralando o joelho, rasgando calça, jogando na terra, na rua, na areia da praia, no corredor do colégio... Onde houvesse espaço no qual a gente pudesse chutar uma bola – às vezes, nem mesmo uma bola, mas uma tampinha de garrafa –, certamente [seria ali que] você me encontraria”.
Desde menino Chico “dorme, acorda, respira, almoça e janta trocando ideias, impressões sobre o futebol”. A crônica aberta ao público, no entanto, passou a ocupar parte dos seus dias há um Mundial e as redes sociais foram relevantes para o jornalista firmar mais um hábito em sua rotina. “Sempre fui aos estádios, desde muito pequeno, frequentava as arquibancadas, as filas para comprar ingressos, jogos decisivos, finais, jogos que não valiam nada... O futebol sempre me tocou, sempre foi muito parceiro [meu]. E sempre escrevi, mas tinha aquela vergonha. A gente sempre fica meio ressabiado, meio receoso. Daí, na Copa de 2014, por uma série de conjunturas – foi aqui no Brasil, eu fui em algumas partidas, vivemos pela primeira vez uma atmosfera, um clima de Copa do Mundo –, enfim, comecei a escrever pequenos relatos, a publicar crônicas breves no Facebook, no blog, nas redes sociais e aquilo foi crescendo, foi ganhando comentários, curtidas, elogios... E aí vi que poderia investir de alguma maneira mais formal, [mais] séria nesse gênero, na vertente... nessa veia literária”, conclui.
+ ACRÉSCIMOS
A Copa de 2014 foi a segunda edição da história do Mundial disputada em território brasileiro. A primeira foi 1950, na qual sofremos o ‘Maracazzo’, um episódio histórico, visto que a nossa Seleção ganhava aquela final, no Maracanã, mas o Uruguai virou a partida e sagrou-se campeão. Um silêncio ensurdecedor tomou conta do Maracanã lotado.
Em 2014 o Brasil foi eliminado nas semifinais do Mundial, pela Alemanha, com o placar histórico de 7x1. O episódio trouxe à tona uma série de memes e ganhou a boca do povo com o bordão “Todo dia é um 7 a 1 diferente”. O placar anotado no Mineirão também alavancou a bibliografia boleira brasileira. Confira: Através do 7x1, livro reflete a abrangência do futebol.
SEGUE O JOGO
Chico mesclou todas as paixões, conforme define a literatura, a escrita, o futebol, o ser torcedor, o ato de ver e jogar a peleja, e abriu mão da vergonha de escrever sobre a modalidade esportiva mais popular do Brasil.
Mas por que logo a crônica?
“Decidi enveredar pela crônica, um pouco inconscientemente, mas acredito, também, que foi um movimento calculado. Pois a crônica sempre foi um dos meus gêneros de preferência – essa coisa do texto curto, leve, que trata do comum, do trivial, do cotidiano, que tem uma graça, uma leveza poética... Um trabalho todo de burilar, de brincar com a linguagem, personagens, diálogos, mas, que ao mesmo tempo, essa leveza oferece, também, a possibilidade de reflexão, de raciocínio. Te permite chamar atenção pra coisas, situações e dilemas que também são sérios. Então você chama atenção pela leveza, pelo comum”.
A tática de Chico, de analisar a conjuntura – tão interligada ao esporte, por si só – simula um “lembrete” do que é, de fato, ser cronista esportivo. Que, conforme a conversa com o jornalista e escritor foi fluindo, ele falou sobre a cultura esportiva nas terras verde-amarelas.
Do nosso futebol descaracterizado
Quanto ao nosso futebol, Chico não poupa as críticas e abre um leque de pendências, de deslizes que, ao longo do tempo, descaracterizaram a peleja brasileira, antes jogada como arte, por exemplo, para o nível do “sofrível” de se assistir.
Para o boleiro, há pelo menos cinco campeonatos nacionais o nosso desempenho em campo tem ido ‘ladeira abaixo’. “Temos uma dificuldade para escalar a Seleção, antes tínhamos dois ou três jogadores por posição”, diz citando também o Estadual. “O Paulista era um campeonato legal, gostoso de ver. Mas, agora, não há condições [de acompanhar e gostar], por uma série de razões”, pontua.
A má fase que o futebol brasileiro vive como um todo, não se restringe, no entanto, ao campo. Ele considera que o que assistimos, ouvimos pelo rádio ou acompanhamos diretamente das arquibancadas se dá por termos uma “Confederação Brasileira de Futebol (CBF) caduca, os mandos e desmandos, o monopólio de transmissão [dos jogos], ‘camisas-outdoors’ e estádios que, sem mencionar as arenas, deixam a desejar”, além dos “horários das partidas, que não respeitam o torcedor, o sujeito trabalhador”, que muitas vezes abdica de ir às praças esportivas por não ter como retornar para casa, e as categorias de base “apropriadas por empresários, com denúncias de assédio sexual”.
Mas é ano de Copa, brasileirxs
Apesar do problemas citados, ele acredita que “a Seleção encontrou um bom caminho”, com Tite, e ressalta que talvez nem mesmo o treinador acredite no trabalho que vem desenvolvendo, na boa sequência de jogos e resultados – como os amistosos contra a anfitriã deste Mundial, a Rússia, e a Alemanha, mesmo que a última não tenha enfrentado o Brasil com o time titular.
Perguntado sobre os Mundiais que o marcaram, o santista conta que, se considerar as conquistas, “certamente os de 1994 e 2002. A primeira porque foi a primeira que vi o Brasil ganhar, num momento especial, de êxtase, de comemoração”, pois, após “24 anos sem títulos, depois de eu já ter visto as Copas de 78, 82, 86, 90 e o ‘Brasil fazendo água’, a Copa de 94 representou uma espécie de redenção, o ‘sair da fila’. Tinha o Romário, e vê-lo jogar era sempre um privilégio, uma delícia. Ainda assim, não era exatamente um futebol de Seleção de encher os olhos”, explica.
Para ele, “a Copa de 2002, com Ronaldo, Ronaldinho e Rivaldo já tinha mais qualidade” no elenco verde-amarelo, mesmo “com a mania do Felipão de colocar três zagueiros, líbero e dois volantes”. Pontua, porém, que “também não era uma coisa extraordinária de se ver, mas era uma boa seleção, muito competente. E ganhar o pentacampeonato sobre a Alemanha é uma coisa a ser considerada, comemorada, com pulos, alegria e Avenida Paulista”.
E já adiantando que pode soar contraditório, Chico conta que, as edições que o balançaram mesmo foram, conforme a ordem em que relata, a de 2014 e a de 1982. A última edição, há quatros, porque foi a Copa com a qual sonhou desde menino. Segundo o cronista esportivo, ele e os irmãos tinham um pacto que condizia em reunir todos os esforços possíveis para ir aos jogos do Mundial se um dia viesse para o Brasil [novamente], “para acompanhar de corpo e alma, viver essa atmosfera, esse clima. Apesar do 7 a 1, da tragédia, vergonha, humilhação do placar, foi uma Copa excelente, de muitas goleadas. Os craques desfilaram aqui, em campo. Tive o privilégio de ver Suárez e o Messi, a Seleção da Holanda, do Chile, que fizeram bons Mundiais. Então, para um torcedor molequinho, que sonhou com isso desde pequeno, foi uma realização. Além disso, o Mundial de 2014 que permitiu que eu estreasse como cronista de futebol. Guardo isso com carinho... A Copa me abriu esta porta”.
Quanto à de 1982, ele fala saudoso do time de Telê Santana, que apresentou um futebol bonito, mas não arrebatou a Taça. “Foi inesquecível para mim, me emociona mesmo. Era uma Seleção diferente, especial... Era futebol-arte mesmo que o Telê Santana fez – como organizar o time, a vontade ganhar, sempre [voltado] pro ataque. [Telê] Pagou o preço por isso, com aquela derrota para a Itália, mas era uma Seleção que só tinha craque, só artista da bola: um meio-campo com Cerezo, Sócrates e Zico, uma zaga com Oscar e Luizinho, dois laterais que jogaram, posteriormente, no meio-campo – por tamanha habilidade dos dois – e o Júnior... Aquela Seleção me marcou muito. Pela magia, os toques de bola, os dribles, o futebol jogado para frente... Sem medo! Até porque, acredito, a gente vivia uma atmosfera de quase fim de uma ditatura militar, e logo depois veio as campanhas das Diretas, o Sócrates também tinha aquele envolvimento político”, já que foi um dos protagonistas do movimento que ficou conhecido como Democracia Corintiana, “então talvez bateu um pouco mais forte esse meu lado militante. No entanto, o futebol praticado, principalmente, me marcou bastante. Aquele foi, certamente, o melhor time, a melhor Seleção que eu já vi jogar”.
E justamente por ter tanto carinho pela Seleção de 1982, da magia apresentada em campo, a eliminação brasileira naquela Copa o acertou em cheio:
– A derrota de 1982 foi uma das mais duras que vivi no futebol. Eu chorava demais, principalmente depois do terceiro gol de Paolo Rossi. Meu pai teve de me acudir, tinha calmante, maracujina, colo e carinho de pai e de mãe que fizeram efeito. Foi uma tristeza muito dura mesmo. Porque, para mim, aquela Seleção era imbatível, como se jamais fosse perder... E aquilo [a eliminação brasileira no duelo contra a Itália, na segunda fase] acontecendo diante dos olhos de um menino de 10 anos... Tocou no fundo do coração.
A cobertura esportiva
Quanto à cobertura nacional, Chico se refere aos ‘cronistas-raiz’ – se assim podemos definir quem, segundo ele, se pauta sempre pelo interesse público, a cidadania e, “que tem em mente a ideia de que a informação nos conduz à reflexão” – com elogios. Ele afirma que a capacidade, a competência destes integrantes da mídia esportiva são significativas, tanto nos gêneros informativo, quanto no opinativo.
Ainda assim, ele destaca que recorremos com frequência aos ‘números frios’, matematizando demais a análise de uma partida, um dado confronto. “Temos a mania de [usar] estatísticas, como se o futebol pudesse ser apenas matematizado. Análises, números são importantes, mas o número frio tem de ser avaliado de outra maneira também”. E destrincha, mais uma vez, sua afeição pela crônica esportiva:
– Sinto falta das boas histórias, as narrativas saborosas, de mais fôlego, de mais interpretação. Os diálogos, mais próximos da literatura. Há conteúdos que o futebol permite explorar, como os perfis, as memórias, os jogos inesquecíveis... e acredito que não prestamos muita atenção e não damos muito espaço pra isso. Ou por preguiça... Ou pela máxima de que o público não tem tempo [para consumir o conteúdo]... Pode ser por pensar em recursos – humanos, empresariais –, num nível multifatorial. Mas eu, particularmente, sinto muita falta dessas histórias boas, bem contadas no jornalismo esportivo, boleiro. Talvez, de alguma maneira, feito um grão de areia, uma gotinha neste oceano, eu tente preencher parte desta lacuna com as crônicas.
Das obras
Hoje, em meio a uma rotina carregada, por entre os corredores da Anhembi Morumbi e os espaços que possibilitam uma experiência boleira, ele vai tentando acompanhar o extenso calendário de jogos do futebol brasileiro e do internacional, e participa de prosas, debates em grupos pelo Facebook e WhatsApp, por onde conversamos. Além disso, o torcedor do Alvinegro praiano também frequenta as reuniões mensais do Memofut, um grupo de memória e literatura da modalidade, no Museu do Futebol. Chico Bicudo escreve suas crônicas semanalmente para o Chuteira FC, e também tem três livros publicados: "Memórias de uma Copa no Brasil", "Crônicas Boleiras - Primeiro tempo" e "Crônicas Boleiras - Segundo tempo", o último lançado no último sábado (5), no Bar esportivo São Cristóvão FC.
+3 infos de acréscimo
+ O avô materno de Chico quem o influenciou a torcer pelo Santos. Segundo o escritor, ele foi “o santista mais santista de todos os santistas” que já conheceu. Era um “torcedor aficionado, fissurado, fanático mesmo pelo Peixe, de corpo, alma e coração”, nas palavras do boleiro. Foi conselheiro do clube, representante jurídico do Santos na Federação Paulista de Futebol (FPF) por volta dos anos 1950-60, e ele quem ajudou na contagem dos mil gols do Pelé. Seu avô tinha livros de estatísticas, que ele mesmo fazia numa máquina de escrever, com desenho e adereços. E “depois, ao final de cada temporada, ele encadernava aquilo [o conteúdo] e viravam livros. Ele tinha todos os jogos, os dias, os placares, as rendas, os públicos, os estádios, os artilheiros, os marcadores de gols... Era um arquivo belíssimo. E ele ajudou a contar os gols do Pelé e avisar, inclusive, a grande imprensa, quando o jogador estava próximo do milésimo gol”. Por ter uma convivência com o avô, quem descreve como “um cara sensacional, super humano, generoso, solidário” a paixão pelo Santos, o amor, o carinho que ele tinha, lhe foi deixado de herança;
+ Ainda sobre o universo santista, Chico disse que já foi convidado várias vezes para compor a chapa de conselheiros do Peixe, da presidência, também. Inclusive, no último pleito, disputado na reta final de 2017, a chapa de Nabil Khaznadar – candidato que apoiou – o convocou. Mas ele acredita que não tem o perfil de administrador e, além disso, não detém do tempo que julga necessário para assumir esse tipo de responsabilidade. Chico também destaca que se aceitasse um cargo vinculado ao clube do coração haveria conflito de interesses e ele se limitaria em suas narrativas, nas crônicas. Assim, não planeja obter carreira no clube, não tem isso em seus planos;
+ Para ele, o clubismo se torna nefasto quando o jornalista não sabe separar a persona, o difusor de informações, do torcedor. Ele não enxerga problema em um narrador, comentarista ou repórter assumir seu time, “desde que não se torne fanatismo, paixão cega... coisas do tipo, que possam interferir em um trabalho jornalístico”.
MINUTOS FINAIS
Chico Bicudo, por Chico Bicudo
E para encerrar o papo, Chico se descreve e cita em seu discurso os valores que carrega consigo. Valores que bebericam a causa esportiva, já que se pautam no senso de grupo, do coletivo. Que o nosso perfilado é, assim como o futebol, uma de suas paixões, das (e para) as massas. Não é à toa que preocupou-se em lançar seu terceiro livro num lugar movimentado, no "calor do povo", com os amigos, semanas após a nossa entrevista.
– Um cara que adora viver, aproveitar a vida intensamente em tudo aquilo que ela oferece...Um cara tresloucadamente apaixonado, fisgado, que adora ver futebol, a arquibancada, torcida, escrever, ler e conversar sobre. Ver meu filho jogar, sentar à mesa com minha filha e falar acerca [da peleja], estar com a minha família, com os amigos.
Este é Chico Bicudo. Um professor, jornalista, cronista esportivo, pai, torcedor... Um boleiro apaixonado que sonha com "outros mundos, sociedades possíveis. Um mundo onde a política não seja demonizada e os golpes não sejam as marcas do nosso tempo. Onde as intolerâncias sejam superadas pelas ideias de solidariedade, camaradagem e companheirismo, em que as riquezas sejam justamente distribuídas, onde o trabalho seja remunerado pelo seu real valor e o trabalhador seja protagonista. Onde o coletivo prevaleça em relação ao individual, as exclusões sejam substituídas pelas participações, pelas presenças, onde a força bruta seja substituída pela força inteligente dos argumentos e ideias. Onde o racismo, homofobia, misoginia, a ojeriza pela infância e a terceira idade sejam apenas ideias perdidas em algum lugar do passado... E que esse mundo possa ser construído pelas esquerdas".
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